GEOMORPHOLOGY AND BIOGEOGRAPHICAL LEGACIES:AN INTERDISCIPLINARY VIEW BASED ON AZIZ AB'SÁBER'S REFUGE THEORY / GEOMORFOLOGIA E HERANÇAS BIOGEOGRÁFICAS: UMA VISÃO INTERDISCIPLINAR COM BASE NA TEORIA DOS REFÚGIOS DE AZIZ AB’SABER

Autores

DOI:

https://doi.org/10.29327/

Resumo

A busca pela reconstituição das paisagens na superfície terrestre tem sido uma tarefa hercúlea para diversos pesquisadores das geociências. Compreender quais etapas são mais importantes que outras é um verdadeiro quebra-cabeça científico. Quase sempre nos deparamos com processos complexos na evolução e manutenção dos sistemas ambientais, em verdadeiro equilíbrio entre ecossistemas e geossistemas.

Se hoje a incumbência é árdua, no passado recente era ainda mais. Nesse contexto, cabe ressaltar o trabalho do Professor Aziz Ab’Saber, que durante muitos anos trabalhou no desenvolvimento e aplicação da Teoria dos Refúgios e seus desdobramentos para a ciência geográfica. O artigo intitulado Ice-Age Forest Refuges And Evolution In The Neotropics: Correlation Of Paleoclimatological, Geomorphological And Pedological Data With Modern Biological Endemism, de autoria dos Professores Keith S. Brown Jr. e Aziz Nacib Ab’Sáber, revela caminhos para a compreensão e possibilidades de aplicação da referida teoria em diversas áreas do conhecimento.

Os autores apresentam a Teoria dos Refúgios, com breve revisão bibliográfica e mapas que têm por objetivo identificar as áreas que serviram de verdadeiros santuários para a fauna e flora em períodos de clima seco, com expansão da semiaridez e diminuição significativa das precipitações pluviométricas em tempos recentes da nossa história geológica.

Essa fase marca um período importante na trajetória do planeta, caracterizado pelas variações climáticas do Quaternário, ou seja, os últimos 2,58 milhões de anos, momento em que o gelo e a neve desempenharam papel de destaque nas alterações da paisagem. As glaciações, com períodos em torno de 100 mil anos de duração, alternavam-se com fases mais quentes e mais curtas, em torno de 20 mil anos, os interglaciais.

Nas fases glaciais, destaca-se o último grande registro, conhecido como fase Würm-Wisconsin superior (entre 23 e 13 mil anos antes do presente), quando o nível do oceano estava cerca de 100 metros abaixo do nível atual. Nesse cenário, as condições de semiaridez predominavam sobre grande parte do continente sul-americano, com retração das florestas e diminuição progressiva da oferta de alimentos e umidade. Momento propício para a expansão da caatinga e retração das florestas pluviais. Ainda assim, algumas áreas resistiam às condições desfavoráveis e mantinham parte da vegetação de grande porte, formando “ilhas” que se tornaram verdadeiros refúgios para a biodiversidade.

Nos períodos interglaciais, as condições de pluviosidade favoráveis retornavam e as florestas voltavam a se expandir, com a consequente coalescência dessas áreas. Essa alternância provocava uma explosão de vida, com aumento da biodiversidade nas áreas de florestas. Esses registros foram estudados com base em espécies de aves, borboletas e répteis, como abordado no artigo.

Essa breve descrição, que pode ser apreciada em detalhes com a leitura do texto, mostra a riqueza na interpretação e os impactos que a paisagem do território sul-americano conheceu durante o Quaternário. Embora haja atualização dos dados e técnicas recentes de datação e melhor conhecimento desse período, o tema ainda abre importante debate na comunidade científica. De forma breve, gostaria de tecer comentários relativos à importância para a geomorfologia e biogeografia

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Publicado

2025-12-27