GEOMORPHOLOGICAL MAP OF BAIXO MONDEGO / MAPA GEOMORFOLÓGICO DO BAIXO MONDEGO (PORTUGAL CENTRAL)

Autores

  • Lúcio Cunha Autor

Resumo

O mapa geomorfológico que se apresenta foi desenhado para representar o espaço geomorfológico do Baixo Mondego, sintetizando um conjunto de trabalhos de um projeto de investigação em Geomorfologia coordenado pelo Doutor António Ferreira Soares, do qual tive o gosto de fazer parte. Foi preparado para integrar as minhas provas de Agregação em Geografia há já alguns anos, mas acabou por ficar inédito, surgindo agora esta oportunidade de publicação.
O Baixo Mondego é entendido como a porção da bacia hidrográfica do Rio Mondego que se estende a jusante de Coimbra, ou seja, que é talhada nos terrenos da Orla Mesocenozóica Ocidental Portuguesa. Trata-se do sector terminal da bacia do Mondego, onde o vale se alarga e onde se conjugam diferentes sistemas geomorfológicos fluviais, marinhos, eólicos, estuarinos e de vertente (Cunha e Almeida, 2008). Para além da morfologia associada ao rio Mondego e seus afluentes que incluiu pelo menos dois grandes grupos de terraços fluviais acima da planície aluvial atual, bem como outros depósitos quaternários de carácter fluvio torrencial anteriores à organização do Rio Mondego, representam-se um conjunto deformas litorais, nomeadamente a superfície plio-plistocénica, marco fundamental para a incisão fluvial quaternária, bem como alguns depósitos marinhos coevos desta evolução. Acompanham a evolução solidária fluvial e marinha, um conjunto de formas e depósitos recentes de origem eólica, em que se incorporam várias gerações de dunas. O espaço cartografado, ou seja, o espaço do Baixo Mondego está enquadrado a Norte pelos relevos calcários da Serra da Boa Viagem (Almeida, 1977) e do Maciço de Ançã-Cantanhede (Dimuccio,1998) e, a Este, pelas Serras Calcárias de Condeixa-Sicó (Cunha, 1988) que, pela sua especificidade de processos e formas, têm representação sob a designação de modelado cársico. A evolução das vertentes, particularmente nestes relevos é marcada nalguns pontos por depósitos crioclásticos associados aos períodos frios do Quaternário.
Assim, este despretensioso mapa geomorfológico de síntese incluiu diferentes temas que incluímos em 9 grupos: 1 - o suporte cartográfico é dado pela morfometria (pontos cotados e curvas de nível) e 2 - pela apresentação do suporte litológico e tectónico. Foram analisadas, integradas e cartografadas diferentes formas de relevo tais como: 3 – Formas estruturais; 4 -Formas e formações fluviais; 5 – Formas e formações litorais; 6 – Formas e formações eólicas; e 7 - Formas e formações cársicas. Finalmente, foi feito o registo do 8 - Modelado nas vertentes; e 9 – Modelado dos interflúvios e níveis de aplanamento.
A geomorfologia aqui representada a uma escala intermédia (elaborado para ser lido à escala de 1/100000) traduz uma descrição e uma interpretação da evolução das formas de relevo no espaço do Baixo Mondego: formas com diferentes origens, acompanhadas de distintos tipos de depósitos, que evoluem sobre diferentes substratos, com diferentes processos, mas que acompanham tempos geomorfológicos solidários. A correlação temporal e espacial destas formas de relevo e dos depósitos coevos pode adivinhar-se e até deduzir-se através do mapa. Mas, para uma leitura mais concreta desta correlação apontam-se os trabalhos de Soares et al. (1992 e 1997), bem como Soares (2000), onde tabelas de correlação progressivamente afinadas estabelecem uma ordem sempre correlacionada aos depósitos, às formas e às condições climáticas e tectónicas que as ajudaram a construir.

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Publicado

2024-06-10